Síndrome da mulher agredida é o nome que se dá a um distúrbio, resultado de um relação abusiva onde tenha violência física grave e a longo prazo.
Geralmente vem acompanhada pelo transtorno de estresse pós traumático.
Esta mulher desenvolve um descuido consigo mesma que a leva a acreditar que merece o abuso e que não pode fugir dele.
Na maioria dos casos, este é o principal motivo das mulheres não denunciarem seus abusadores à policia e evitarem contar a amigos e familiares, o que de fato está acontecendo.
Como saber se você é vítima da sindrome da mulher agredida?
- Você vive com medo pela sua segurança ou a de seus filhos? Sofre constante ameaças de perder os filhos ou serem mal tratados ou agredidos? Ou até mesmo de ser agredida?
- Tem um medo constante de não saber qual lado do parceiro vai se manifestar? O lado amoroso ou agressivo?
- Fica pisando em ovos o tempo todo, sempre se preocupando se algo vai desagradá-lo, em constante ansiedade, sentindo-se sempre culpada pelas agressões ou abuso psicológico?
- Age de modo a acreditar que o agressor é como Deus, que sabe de tudo e pode vê-la em cada movimento, caso queira escapar ou fazer coisas simples? -Esconde o abuso de amigos e familiares por vergonha, medo ou culpa?
Se você respondeu sim para a maioria dessas perguntas, então saiba que está sendo vítima da síndrome da mulher agredida.
Fatores que prendem uma mulher agredida a relação abusiva:
- Dependência financeira, aumentada ou criada pelo agressor.
- Medo da mulher de ficar sozinha ou sem o pais dos filhos.
- Ter medo de sair e sofrer violência contra si mesma, filhos ou familiares.
- Negação de que o parceiro é realmente abusivo por causa da ilusão que cria nos momentos de bombardeio de amor e lua de mel.
- Depressão grave ou baixa auto estima que as paralisa e as faz pensar que tudo foi sua culpa e que não tem o poder de escolha.
- A crença errada de que o agressor na verdade a ama e que ele pode mudar de comportamento.
O abuso pode ser psicológico, moral, financeiro e até chegar ao abuso físico.
Fases do abuso psicológico
Existem 4 fases que a mulher que sofre abusos emocionais convive sempre:
- Negação: ela é incapaz de reconhecer que está sendo abusada e justifica o comportamento do agressor como não sendo tão ruim, ou que ele não teve intenção.
- Culpa: ela acredita que causou o abuso. Ela pensa: ele reagiu assim porque o irritei ou o provoquei.
- Iluminação: ela percebe que não merecia ser abusada e reconhece que o parceiro tem uma personalidade abusiva.
- Responsabilidade: ela aceita que o agressor é responsável pelo abuso. É nesse momento que ela tenta escapar da relação abusiva.
Infelizmente, a maioria não passam da fase 2 ou 3.
Ciclo do abuso doméstico na relação abusiva:
Este ciclo é extremamente previsível e segue sempre o mesmo caminho:
- O agressor conquistará o novo parceiro, entrando rapidamente na relação abusiva com táticas de bombardeios de amor, com gestos românticos. Sempre pressionando por um maior comprometimento da relação desde o início. Geralmente quando ficam juntos ou namoram, rapidamente já partem para moram juntos ou casamento.
- Depois o agressor será emocional ou fisicamente abusivo. Nem sempre o abuso termina em agressões. Existe aquele abusador que é dissimulado. É o passivo agressivo. A violência é mais psicológica ou emocional que é tão, ou mais devastador, porque é velada, sorrateira e traiçoeira. Quando o abusador, além de abusar emocionalmente, parte para o abuso físico, geralmente começa com algo simples como um tapa, ou socando a parece do lado do mulher para amedrontar ou intimidar. Com o tempo essas agressões vão cada vez mais piorando.
- Após isto, o agressor se sentirá culpado, fazendo juras de arrependimento e amor eterno. Ele será muito romântico e encantador para reconquistar a parceira.
- Haverá um período temporário de “lua de mel”, em que o agressor demonstra estar mudado até que consiga reconquistar a confiança da parceira, fazendo-a cair na ilusão de que agora será diferente. Fazendo com que a parceira fique novamente, e ainda mais, dependente emocional ou financeiramente dele.
- Quando isto acontece, o ciclo de abuso recomeça, geralmente de uma forma, cada vez mais cruel.
Quais os efeitos de curto e longo prazo da relação abusiva?
São vários os efeitos colaterais associado a esse abuso psicológico sofrido:
Efeitos de curto prazo:
- Sentimento de ser inútil e sem esperança;
- Sentir-se sem forças e sem o poder de ação;
- Ansiedade grave;
- Depressão ou síndrome do pânico;
- Baixa auto-estima;
- Relacionamentos prejudicados com amigos e familiares.
Consequências a longo prazo:
- Várias doenças causadas pelo estresse e medo constante, como problemas cardíacos ou pressão alta;
- Doenças causadas pelo abuso físico como artrite, dores crônicas nas costas, articulações ou enxaqueca;
- Aumento do risco de desenvolver problemas de saúde como asma, síndrome do pânico, diabetes e doenças auto imunes causado pelo estresse prolongado;
- Ataques de pânico, flash backs dos abusos, síndrome do estresse pós traumático.
- Explosões violentas contra o agressor por causa do instinto de defesa, na maioria das vezes, pelos filhos ou até pela sua própria vida;
- Sem contar nas consequências psicológicas devastadoras que os filhos sofrem, mesmo que somente vejam a mãe ser maltratada.
Como ajudar alguém que está em uma relação abusiva?
Primeiramente, se você conhece alguém que está com a síndrome da mulher agredida e não esteja correndo o risco de morte, tenha calma.
Isto mesmo, você não entendeu errado, tenha calma. Sei que é revoltante, mas primeiramente, precisa entender as causas do problema e não simplesmente medicar os sintomas.
Talvez esteja se perguntando: Porque ela ficaria? Porque ela deixou chegar a este ponto?
Muitas mulheres não estão preparadas para deixar o agressor. Seja porque sentem medo por suas vidas, seja por vergonha de admitir o que está acontecendo.
Sua atitude neste momento deve ser de apoio e não de condenação, o que poderá afastá-la ainda mais de você e da ajuda que ela precisa.
Então simplesmente diga, que estará sempre do lado dela, caso ela precise, caso ela queira fugir do agressor. Forneça acesso a transporte e telefone de abrigos.
Jamais force uma mulher com esta síndrome a tomar uma atitude. Pois ela está sendo controlada pelo companheiro.
Se esta mulher sair antes de estar pronta emocionalmente, as chances dela voltar ao agressor é muito grande.
Isto aumentará o perigo de suas vidas, já que este ficará mais agressivo com medo de perder o controle novamente.
Enquanto isso, forneça material informativo a esta mulher, como videos ou artigos a esse respeito, para que ela possa entender que não é a culpada pelos abusos e que pode se libertar.
Você conhece alguma mulher que se encontra em perigo?
Se perceber que esta mulher está sendo agredida ou corre o risco de vida, denuncie imediatamente. Providencie um local seguro para ela e filhos longe do agressor.
Leve-a a um médico para examinar seus ferimentos.
Encaminhe ela a uma ajuda psicológica para que essa vítima encontre apoio e ajuda para entender que não foi culpa dela a agressão. Essa vítima deve deixar a ilusão de que tem obrigação de mudar o companheiro.
Geralmente mulheres que sofreram abusos ou abandonos quando crianças são mais propensas a aceitarem o abuso. Isto é abordado nas sessões de psicoterapia.
Esta mulher também pode precisar ir a um psiquiatra para tomar remédios que vão ajudá-la a tratar crises de ansiedade e depressão graves, até que ela possa superar suas limitações e se empoderar.
Isto somente será possível com terapias para que esta mulher recupere o controle de sua vida.
Onde procurar ajuda se você está em uma relação abusiva?
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180
Em primeiro lugar, jamais enfrente ou discuta com o agressor.
Apenas trace um plano de fuga sem que o agressor desconfie. Você é capaz. Tenha fé em Deus e não seja conivente com o erro de ninguém.
Ame o outro da mesma forma que ama a si mesma. Não esqueça que você merece o amor tanto quanto o outro. Lute e seja corajosa. Não se renda ao medo e a vergonha.
Saiba que o Serviço do Governo Federal, escuta e acolhe mulheres em situação de violência doméstica e a relação abusiva.
O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes, assim como reclamações, sugestões ou elogios sobre os dos serviços de atendimento.
Encaminha esta mulher a abrigos, atendimentos psicológicos, serviços de apoio aos filhos, cursos profissionalizantes, dentre outras coisas.
Se está passando por isso e tem duvidas, ligue para o 180 e tire suas dúvidas. Você não precisa se identificar se não quiser.
Além disso, são atendidas TODAS as pessoas que ligam denunciando violência contra a mulher. Não precisa se identificar para denunciar.